domingo, 3 de junho de 2012

POST 1715: BURRICE DAS MULTIDÕES OU INTELIGÊNCIA COLETIVA? Por Marcelão

Pessoal,
durante nossa vida, nós acumulamos uma série de lições que aprendemos com diversas pessoas que tivemos contato. Sabe aquela frase: “aprendi com fulano isso…” e outras expressões como essa? Pois um dos ensinamentos que registrei, e que volta e meia eu cito para as pessoas, é uma frase da minha professora de educadoria no MBA que fiz sobre planejamento e gestão empresarial. Em meio a discussão sobre participação das pessoas e processo decisório, alguém comentou sobre a questão da maioria imperar na tomada de decisões. Foi aí que ela afirmou: “Muitos afirmam que a maioria tem razão, mas a maioria não tem razão, a maioria decide o que vai fazer. Se a maioria tivesse razão sempre, nenhuma eleição daria errado”.
Resgato essa passagem, e ensinamento da minha vida, porque tive contato com um artigo da professora de programação e criadora de games Kathy Sierra sobre inteligência coletiva. Segundo a professora, aproveitar a inteligência coletiva pode trazer muitos benefícios – desde que não seja necessário um consenso prévio entre as pessoas que compõem essa inteligência. O objetivo é agregar de algum modo a sabedoria de cada individuo independente. Kathy exemplifica separando inteligência coletiva ou burrice das multidões:

- Inteligência coletiva é um monte de gente escrevendo resenhas de livros na Amazon. Burrice das multidões é um monte de gente tentando escrever um romance juntos;
- Inteligência coletiva são todas as fotos no Flickr, tiradas por individuos independentes, e as novas ideias criadas por esse grupo de fotos. Burrice das multidões é esperar que um grupo de pessoas crie e edite uma foto juntas;
- Inteligência coletiva é pegar ideias de diferentes perspectivas e pessoas. Burrice das multidões é tirar cegamente uma média das ideias de diferentes pessoas e esperar grande avanço.
Em meio a todas as possibilidades que a Internet oferece de conectar pessoas para formar essa inteligência coletiva, ainda é preciso um eixo organizativo. A professora kathy cita o exemplo da Wikipedia que poderia ter sido um fracasso por buscar o consenso entre os editores dos artigos, mas o trabalho dos administradores, que tomam decisões que nem sempre geradas pelo consenso, determina a qualidade do conteúdo, ou seja, é necessária a presença de um editor.
Trazendo esses ensinamentos para dentro das empresas, do meu ponto de vista, diversidade de perspectivas é um elemento importante para empresas que querem navegar nas ondas revoltas da nova economia e que, por essa razão, buscam investir em criatividade. Elas estão constantemente em busca de pessoas com a capacidade e a disposição de colaborar entre diferentes disciplinas. No final, essa capacidade é o que distingue a mera equipe multidisciplinar de uma equipe verdadeiramente interdisciplinar. Em uma equipe multidisciplinar, cada pessoa defende a própria especialidade técnica e o projeto se transforma em uma prolongada negociação entre os membros da equipe, provavelmente resultando em concessões a contragosto. Em uma equipe interdisciplinar, todos se sentem donos das idéias e assumem a responsabilidade por elas.
O papel do líder nesse ambiente é ser o eixo organizativo dessa inteligência, assim como fazem os administradores dos artigos na Wikipedia, é conciliar forças, instintos, interesses, condições, posições e ideias conflitantes. É encontrar a síntese em um mundo decomposto pela análise reunindo tudo em estratégias coerentes, organizações unificadas e sistemas integrados. Diante desse desafio, lideres precisarão desenvolver a habilidade da REflexão. REflexão significa perguntar, sondar, analisar, sintetizar, conectar. Em latimrefletirsignifica mudar de direção(retroceder, recuar), sugerindo que atenção é direcionada ao interior para que depois seja voltada para o exterior, permitindo que vejamos um objeto familiar de modo diferente, ou, no caso da inteligência coletiva, de perspectivas diferentes.
Trabalho arduo tendo em vista que o mundo da gestão é dividido em muitos pedacinhos e decomposto em regiões, divisões, departamentos, produtos e serviços, isso para não falar em missões, visões, objetivos, programas, orçamentos e sistemas.
O futuro aponta para organizações que procurem facilitar a colaboração, a ajudar as pessoas a trabalharem em equipe com outras pessoas de outras unidades. O futuro aponta para organizações em formas de redes interativas e não como hierarquias verticais e onde a gestão procura funcionar ajudando a trazer a tona a energia que existe naturalmente dentro das pessoas.
Uma organização saudável não é uma série de recursos humanos soltos, cada um cuidando apenas do próprio território, mas sim uma comunidade de seres humanos responsáveis, que se importam com o sistema como um todo e com sua sobrevivência no longo prazo.
Ela é fruto de uma inteligência coletiva e não de uma burrice coletiva. Afinal de contas, empresas são abstrações. O que vale, de verdade, são as pessoas dentro delas. Empresas são redes interativas, não hierarquias verticais. Empresas são redes sociais tecidas e integradas pelos fios do conhecimento.



Marcelo de Souza Bastos, o Marcelão.
Formado em ciência da computação pelo Uniceub em Brasília e MBA em planejamento e gestão empresarial pela Universidade Católica de Brasília.
Mais de Marcelão AQUI

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